NET RÁDIO CULTURA RETOMA SUAS ATIVIDADES COM A PROGRAMAÇÃO DO NATAL 2017

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10.11.11

NO SERTAO QUE AGENTE MORA EM VERSOS E POESIAS


No sertão que a gente mora
Chega a friesa trazendo
O cheiro do dia novo
E a alegria do povo
Do novo dia nascendo
Raios claros aparecendo
Do sol rasgando a aurora
E madrugada indo embora
Quando vem raiando o dia
 Tudo isto é alegria
No sertão que agente mora

Autor: Poeta Agostinho


Quem  eu amei não me quis
Foi embora e me deixou
Apaixonado eu estou
Dos olhos até a raiz
Choro igual um infeliz
Depois qui fiquei sem ela
Risco fosforo acendo vela
Canto e faço cerenata
E nem a policia me empata
Eu chorá na porta dela


Depois que ela foi embora
Me desesperei na cachaça
Quanto mais o tempo passa
Mai a minha alma chora
Estou despresado agora
Sem poder encostar nela
A saudade é quem me zela
E a paixão é quem me mata
E nem a policia me empata
Eu chora na porta dela.


 Por isso eu vivo sofrendo
Dos pés até aguele
Bebendo pensando nela
Levando ponta e roendo
Ela sorrindo e vivendo
 A vida mais linda e mais bela
E eu numa sentinela
Da mais triste morte ingrata
E nem a policia me empata
Eu chorar na porta dela.
 Tor como um pássaro ferido
Na chapada da floresta
Se  estou em casa não presta
Na rua não tenho sentido
Bebo choro dor gemido
Que derruba a espiela
Caço briga pensoi nela
Pra ver se alguém me mata
E nem a polícia me empata
Eu chorar na porta dela

Já contei a meu irmão
A meu pai também não nego
Que  até no sangue eu carrego
Veneno desta paixão
Choro no pé no mourão
Caio no pé de uma cancela
Meu coração para e gela
E minha pressão desacata
E nem a policia me empata
Eu chorar na porta dela.


Meu avô mais minha avó
Brincando de caducar
 Na quilo foro pensar
O coisa de fazer do
A veinha botor pó
As 8 e mei do dia
Para ver se o vei sentia
O cheiro e sinteressava
Quando eu ia ela voltava
Quando eu voltava ela ia.

 A minha lua de mel
Fui passar em Salvador
Ai levei meu amor
Para dormir num hotel
Mais ela não fiel
Me fez  grande covardia
Na cama ela não queria
Na rede a corda  forava
Quando eu ia ela voltava
Quando eu voltava ela ia.

Namorei com Conceição
Para ver se me aprumo
Era  eu vendendo fumo
E ela vendendo pão
Era a maior confusão
Na feira que a gente ia
Nem o pão dela subia
Nem meu fumo levantava
Quando eu ia ela voltava
Quando eu voltava ela ia.


Comprei um vidro de cheiro
A Maria de Zé Bento
Ela veio cum pagamento
Com dois cheques verdadeiro
Um cheque tinha dinheiro
No outro ninguém confia
O sem fundo ela num dava
Quando eu ia ela voltava
Quando eu voltava ela ia.

Meu pai era constureiro
Mamãe era costureira
Os dois ganhava dinheiro
Para sustentar a feira
Agulha era quebradeira
Mamãe o fundo não via
Pegava a linha e lambia
Papai no fundo enfiava
Quando eu ia ela voltava
Quando eu voltava ela ia.

Eu ventei de casar
Mais Toinha minha esposa
Ela viu uma raposa
Começor a se aperriar
Eu em ventei de trepar
Numa cerca que avia
Eu ainda me subia
Mais a muer não trepava
Quando eu ia ela voltava
Quando eu voltava ela ia.



O Veio e o Dotor
Seu dotô eu vim aqui
Ota vez me receitar
Me escuti queira me ôvir
Tudo que eu vô li contar
Num posso drumir tranquilo
A vida é pensar naquilo
Num posso viver empaz
Tanta saudade na vida
Num sei se levanto mais.

Casei com Maria Inez
Raça de muié  briguenta
Todo dia todo mês
Ela quer qui eu poxe 80
Ma agarra a semana inteira
Dança roque e gafieira
Todo baião de Gonzaga
Ajeita aqui meu estrovo
Mode ver se um caba novo
Num vai tomar minha vaga


As coisa que faz bravura
Eu como toda semana
Mudubim com rapadura
Com mel de italiana
Comi ovo de codorna
Prá puder drumir mais ela
Mais quanto mais eu comia
Aí era que caía
O diabo da espiela.

Doce de cocô e mamão
Comi que passei da taba
Vitamina de limão
Com raiz de catoaba
Mocotó de vaca nova
O único remédio que aprova
Toda moleza do pobe
Quanto mais remédio eu tomo
Passo fome e nada como
E a espiela num sobe.


Seu dotô der um amparo
Me levante essa espiela
Me receite e cobre caro
Passe remédio pa ela
De um jeito umendo um mês
Prá vez se Maria Inez
Vai aumentar mais a fé
Num deixe eu ficar na rua
Só vendo o tamanho da lua
Sem sentir gosto de mé.

O dotô disse rapaz
Deixe de ser furioso
Pruque num levanta mais
Espiela de idoso
Vacê de barba branquinha
Já caiu saiu da linha
Num é mais aquele povo
Já perdeu toda a esperança
Hoje só lhe resta lembrança
Do tempo que era novo.

Maria Inez quando via
O lamento do marido
E aquilo que ela queria
A tempo tinha caído
Acabou-se todo bem
Deixô o veio sem ninguém
Só com a saudade dela
Sumiu num deixo nem resta
Vei com tudo já num presta
Quando mais sem espiela.

Aboio de Vaqueiro
Eu tomei tanta cachaça
Que tô com meu peito ardendo
Cavalo só presta bom
Ir pro morrão se mordendo
Homem só presta farrista
E mulher só presta ruendo


Cachorro que paga bode
Mulher que erra uma vez
Homem de que bebe cachaça
Só vive na embriagueis
Não há dotôr neste mundo
Que dê jeito a esse três

O aboio da meia noite
E um aboio excelente
Acorda quem tá dormindo
Consolar quem tá doente
A guia do meu cavalo
E gado correr na frente

Bezerro de vaca preta
Onça pintada não como
Quem casa com mulher feia
Não tem medo de outro homem
Quem casa com a bonita Leva chife e passa fome

Se o mundo fosse rosa
E ninguém nunca morresse
E toda mulher bonita
Nunca me aborrece
Eu só vivia dizendo
Que o tempo bom era esse

A cachaça tá no copo
A garrafa no balcão,
O cavalo no giqui
E o boi tá no morrão
Dinheiro e muier bonita
Foi a minha perdição

Nunca mais eu esqueci
Das meninas do feijão
Se a taça num corpete
Com vinte e quatro botão
Só deixa um canto no meio
Da gente passar a mão

Menina me da um beijo
Só não quero do pescoço
Quero da ponta da língua
Do canto que não tem osso
Para quando eu ficar velho
Me lembrar que já fui moço

A moça pra ser bonita
Pelo o andar se conhece
Pisa no chão devagar
Que chega a terra estremecer
Velho de oitenta anos
Abre a boca e baba desce.

Coisa do meu sertão
Roçadeira foice e inchada
Martelo pedra e machado
Cavador, cabeça e água
Chapéu de palha rasgado
São coisas necessárias
Do caboclo do roçado

Peitoral aboio e gado
Perneira, chapéu, gibão
Careta , chocalho espora
Chicote grosso na mão
São só documentos certo
Do vaqueiro do sertão.

Meu sertão que eu limpo mato,
Bebo água de cabaça
Caçador entra na mata
Pega peba mata e assa
E o xexeu tira enxui
Sem precisar de fumaça

Meu sertão que as nega dança
Faz festa da farinhada
Comendo angu com fubá
Xerém, pipoca torrada
Sai do casamento ligeiro
Da primeira namorada.


Quando termina o inverno
No sertão fica fartura
Cabra como milho assado
Farinha com rapadura
Mata um bode e vende o couro
Come a carne e a fussura

Eu sei que na rua tem
Cinema, televisão
Banho de paria e de piscina
De biquíni e sutiã
Mas não chega nem um quarto
Das coisas do meu sertão.

Namoro com mia prima
Eu nasci no sertão
Morando em minha palhoça
Só de casa pra roça
Prantando milho e feijão
Rezando minha oração
Pra não cai no pecado
Bem cedo vou pro roçado
Só vorto de tardizinha
Nem sabia que eu tinha
Família em outro estado


Era mia prima Ogusta
Fia de seu Zé Badalo
Que hoje chegou de Sa Paulo
Toda bunita e robusta
Os caba chega se assusta
Quando vê esse coipão
Ela pegou minha mão
Começou a mim abraçar
Primo eu vou te carregar
Deste deserto sertão
Já foi dizendo o que cara
Você ta sendo estruído
Neste deserto perdido
Igual ao pau de arara
Só sabe queimar coivara
Amolar foice e enxada
Não se aproveita de nada
Seu cantor é gia e sapa
Aí eu caí no papo
Da minha prima safada

Foi quebrando meu rusaro
Meus livrinhos de rezar
Primo vou te carregar
Pra você ganhar salaro
Tá parecendo um otaro
Nessa sua romaria
Mim encheu de fantasia
Roupa caiçado e preifume
E começou cortar ciúme
A partir daquele dia

Um namoro escuimbado
Que ela dizia cum eu
Um acocho um agarrado
Um vestido tão colado
Uma blusa miudinha
Uma saia bem curtinha
Que quando ela mim agarrava
O taquim que levantava
Mostrava tudo que tinha

Vi que aquilo era um pecado
Muié anda sem vestido
E eu tá sendi iludido
Cum muié de outro estado
Rezei o credo em cruzado
Pra Deus não me castigar
Fui pra igreja rezar
Pra ser fiel e direito
E cum muié daquele jeito
O diabo é quem quer casar


Pedro Bandeira cego de amor

Posso está a rezar aos pés de Deus
Comtemplando Maria Concebida
Vendo o céu vendo a terra
Vendo os meus
Sem te ver nada vejo
Em minha vida


Envolvi minha vida
Em sua vida
Sua vida envolveu os dias meus
Hoje vida só é desenvolvida
Quando vejo a visão dos olhos teus

Se vor vendo meu bem
Como vor vendo
Vor passando o passado e revivendo
Como vivo vivendo sem viver
És a única ilusão que eu carrego
Sor capaz de pedir pra ficar cego
Se olhar para o mundo e não ti ver

Seu dotô que governa esse país
Dê mais uma olhadinha pu sertão
Um pedaço de terra tão feliz
Mais faltando umas coisas pa nação
O sertão ta virando capital
Só o caba que tem segundo grau
É que pode ser bem civilizado
Trabalhar ter emprego e ser descente
Meu sertão está muito diferente
Do antigo sertão que foi criado

Acabosse o engenho da rapadura
Desprezaram a casa de farinha
Ainda tem um pouquinho de agricultura
Mais também tá ficando sem pouquinha
Todo mundo correndo a pa cidade
Só querendo viver da vaidade
 E deixando o sertão abandonado
Por aqui está ficando pouca gente
Meu sertão está muito diferente
Do antigo sertão que fui criado

Ninguém quer  plantar um pé de nada
Nem andar com enxada na mão
Nem o povo faz mais farinhada
Nem faz reza e nem faz renovação
Todo mundo querendo emprego e luxo
Mais não lembra que pra encher o buxo
Tem que vir o produto do roçado
Cultivar nosso chão e plantar semente
Meu sertão está muito diferente
Do antigo sertão que fui criado

Nosso carro-de-boi mandaram embora
Acabou nossa roça de algodão
Pois o povo daqui só fala agora
Emprego, polícia e mensalão
E o nordeste ficando sem progresso
Todo povo querendo ter sucesso
Um tocando um cantando e outro formado
E osábido mudando de patente
Meu sertão está muito diferente
Do antigo sertão que foi criado

Acabousse o martelo e a enxada
E a cerca de vara não tem mais
Ninguém ver uma cava encaretada
Nem vaqueiro gritando me matsó gais
Só ver gente falando em ir embora
E o nordeste ficando sem escora
E o terreno ficando desprezado
Nossa mata morrendo no sol quente
Meu sertão está muito diferente
Do antigo sertão que fui criado.





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